As codeputadas Juntas, na plenária virtual da Alepe desta quinta-feira, 11, expuseram a preocupação com a forma como vem sendo feita a retomada das atividades econômicas em Pernambuco pelo Governo do Estado. As parlamentares levaram em consideração as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as consequências negativas por causa do fim do isolamento social.
Resultados do lockdown:
As Juntas destacaram que o lockdown foi uma medida correta do Governo do Estado e teve um retorno positivo, mas infelizmente os resultados ainda não são suficientes para que se relaxe no rigor das medidas de contenção da contaminação. Enquanto não houver vacina contra a Covid-19 ou um tratamento específico para evitar complicações da doença, o isolamento social é considerado a alternativa mais eficaz para combater a epidemia.
Interiorização da pandemia:
O alastramento de casos para o interior do estado foi uma das grandes preocupações demonstradas pelas codeputadas. Já são 182 municípios com casos da Covid-19, do total de 184 no estado. Quando se observa a evolução dos casos em cada macrorregião de Pernambuco, é perceptível que a contaminação pelo coronavírus tem extrapolado, de forma crescente, a região metropolitana de Recife.
O Agreste, o Sertão, o Vale do São Francisco e Araripe estão passando pelo que a capital vivenciou em março. A maioria dos municípios do interior não conseguiu atingir 50% de isolamento social. É importante ressaltar que Caruaru já está sendo apontada como possível novo epicentro da pandemia, pois seu papel estratégico no estado pode ajudar a acelerar a interiorização da Covid-19. A facilidade da contaminação é por ter uma intensa circulação pela cidade, tanto de pessoas que vêm de Recife, como de outros municípios e regiões também, por causa do polo têxtil.
Deve ser levado em consideração que Pernambuco ainda não passou para o estágio de superação da pandemia, no entanto, muitas cidades já estão fazendo um relaxamento das medidas de isolamento social, retomando as atividades de forma acelerada.
A aceleração da retomada das atividades:
A mandata afirmou que o Governo do Estado não está cumprindo com seu anúncio de retomada gradativa das atividades econômicas. Atendendo à pressão de setores da economia, o governador antecipou várias etapas do plano de convivência que foi divulgado. O próprio plano já era arriscado, tendo em vista que desconsidera algumas das recomendações da OMS, como, por exemplo, a testagem massiva e por não cumprir de forma integral as outras.
As atividades que estavam previstas para iniciar dia 15, foram iniciadas dia 8, tais como shopping centers (que estão operando com pontos de entrega de mercadorias e atendimento delivery de praças de alimentação); construção civil (que deveria estar com horário reduzido, mas foi liberada para funcionar em horário livre antes do previsto); consultas de algumas especialidades médicas (que começaram ontem, dia 10, com a abertura de clínicas e consultórios); e o comércio varejista de bairros e dos centros.
Apesar da população estar informada sobre manter as medidas de prevenção – com o uso de máscaras, distanciamento de 1,5m entre as pessoas e higiene rigorosa, com lavagem constante das mãos e uso de álcool gel – o que pode ser notado é que essas normas não estão sendo seguidas com rigor.
Diante da grande dificuldade enfrentada, a Juntas fizeram os seguintes questionamentos: quais foram os critérios que o Governo usou para liberar e antecipar as atividades? Qual a justificativa para o Governo dialogar apenas com os empresários e ignorar as orientações dos especialistas e também não fazer nenhum diálogo com a sociedade civil?
O custo dessas decisões não será apenas para os cofres públicos, caso se tenha que retomar as medidas mais rigorosas de quarentena. Essa aceleração do mercado vai custar mais vidas às famílias pernambucanas. As Juntas exigem respostas do Governo do Estado e também providências de maior fiscalização, para que pelo menos as medidas de prevenção sejam seguidas corretamente.